quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Sobre Remar


Olha, eu sei que o barco tá furado e sei que você também sabe, mas queria te dizer pra não parar de remar, porque te ver remando me dá vontade de não querer parar também.Tá me entendendo? Eu sei que sim. Eu entro nesse barco, é só me pedir. 
Nem precisa de jeito certo, só dizer e eu vou. Faz tempo que quero ingressar nessa viagem, mas pra isso preciso saber se você vai também. Porque sozinha, não vou. Não tem como remar sozinha, eu ficaria girando em torno de mim mesma. Mas olha, eu só entro nesse barco se você prometer remar também! 
Eu abandono tudo, história, passado, cicatrizes. Mudo o visual, deixo o cabelo crescer, começo a comer direito, vou todo dia pra academia. Mas você tem que prometer que vai remar também, com vontade! 
Eu começo a ler sobre política, futebol, ficção científica. Aprendo a pescar, se precisar. Mas você tem que remar também. 
Eu desisto fácil, você sabe. E talvez essa viagem não dure mais do que alguns minutos, mas eu entro nesse barco, é só me pedir. Perco o medo de dirigir só pra atravessar o mundo pra te ver todo dia. Mas você tem que me prometer que vai remar junto comigo. 
Mesmo se esse barco estiver furado eu vou, basta me pedir. Mas a gente tem que afundar junto e descobrir que é possível nadar junto. Eu te ensino a nadar, juro! Mas você tem que me prometer que vai tentar, que vai se esforçar, que vai remar enquanto for preciso, enquanto tiver forças! 
Você tem que me prometer que essa viagem não vai ser a toa, que vale a pena. Que por você vale a pena. Que por nós vale a pena.
Remar.
Re-amar.
Amar.

Caio Fernando Abreu


quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Cuidado: Coqueluche!!!

Tudo começou em meados de novembro.
Antes da consulta de um mês eu já tinha observado que o Bruninho estava com um fungadinho diferente e uma tosse. Parecia um resfriado. Durante a consulta com a pedi eu comentei sobre isso, mas ela achava que não era nada demais. Mesmo assim ela passou um hemograma só para ver se estava tudo bem. Hemograma em mãos, eu ligo pro consultório da pedi e ela está viajando e não sabe quando volta. Ligo para outra pedi da minha confiança e fico sabendo que ela está de férias... 
Nisso a tosse do Bruninho já tava bem mais intensa e eu não podia mais ficar esperando a boa vontade dos pedis né? Corri pra emergência pediátrica na cidade vizinha. 4 horas, muita reclamação e muitas crises de tosse depois resolveram adiantar a gente na fila de espera. O pedi viu, analisou e concluiu que era um resfriado junto com uma tosse alérgica e um xarope usado junto com o antialérgico ia resolver o problema em 5 dias.
5 dias depois a medicação não fez efeito nenhum e a tosse agora já durava mais de 1 minuto. Não era uma tosse comum. Ele tossia e puxava o ar, que nunca vinha. Parecia que estava com falta de ar. E estava mesmo! Num sábado a tosse chegou ao extremo. Bruninho tossiu tanto que sufocou! Foi tossindo, tossindo, tossindo, ficando molinho e depois roxinho. Eu tinha a sensação de que ele estava entalado com alguma coisa. Secreção talvez. Mas eu não sabia! 
A mãe e o pai desesperados correram com ele pro hospital. Ele já tinha recuperado o fôlego, mais eu precisava saber o que estava acontecendo. Quando a pedi do plantão veio nos ver ela disse "aqui não é lugar para mãe desesperada não" (oi?). Prontamente eu perguntei a ela se era pra eu ficar em casa vendo meu filho sufocando sem ar. Foi quando Bruninho teve mais uma crise de tosse e ela não disse nada, só passou medicação e mandou darem nebulização e depois estávamos liberados.
Quando cheguei em casa liguei pro pedi da cidade vizinha. Ele disse que no domingo estaria de plantão na emergência pediátrica e que eu fosse lá para ele atender o Bruninho. No domingo cedinho marido e eu corremos pra lá. Bruninho já chegou tendo crise de tosse (era sempre assim, se ele estivesse quietinho a tosse não aparecia, mas era só mexer nele um pouquinho que ele começava a tossir e não parava mais). A enfermeira passou ele na frente da fila de espera. O pedi o examinou e Bruninho teve mais uma crise. O pedi observou tudo com muita atenção e concluiu que a tosse tinha indícios de uma tosse coqueluchoide e que a medicação que a louca do plantão passou estava correta (antibiótico, Eritromicina de 6 em 6 horas durante 10 dias). Ele só complementou com nebulização caseira e mandou aspirar as narinas e a garganta do Bruninho. 
E assim seguimos. Bruninho tendo crises e mais crises de tosse até que o antibiótico fizesse efeito. As piores crises sempre eram de madrugada, sendo assim, ninguém dormia com medo que ele sufocasse e ninguém percebesse. Ele a cada crise forçava tanto pra tossir que vomitava, mas não era vomitando a comida, vomitava a secreção gosmenta e transparente e ficava presa na garganta dele.
Na terça ele teve mais uma crise de tosse e ficou roxo. Corro pro hospital mais uma vez e dessa vez a pedi do plantão disse que era realmente coqueluche (doença respiratória, altamente contagiosa,  causada por uma bactéria, transmitida através do ar que pode causar pneumonia). Ela perguntou a medicação que ele estava tomando e disse que ele já estava fazendo o tratamento certo. Agora não tinha mais nada a ser feito a não ser esperar e notificar a secretaria de saúde. Ela disse que ele ficaria muito mais aliviado se eu pudesse dar nebulização cm oxigênio no lugar de nebulizar com a maquininha caseira. Como a coqueluche é uma doença respiratória e pode causar pneumonia, o oxigênio é muito mais eficaz.
No dia seguinte marido foi alugar um balão de oxigênio e depois que Bruninho começou a fazer a inalação com ele, ficou muito melhor e mais aliviado. A secretaria de saúde veio aqui em casa e queria saber de quem foi que ele pegou a coqueluche. Eu disse que não tinha como saber, porque desde que ele nasceu recebeu muitas visitas e as pessoas da casa entram e saem o tempo todo. Não tinha como eu saber quem foi o transmissor. Eles queriam que Bruninho fizesse um exame para confirmar a coqueluche, mas ele já estava fazendo uso do antibiótico, de nada adiantaria o exame. Mas eles pediram para que todos aqui de casa tomassem o antibiótico para evitar contaminação. Eu tive uma séria intolerância a medicação e fiquei doente. Se esse remédio fez isso comigo, imagina o que não fazia com o Bruninho?? Meu Deus!!
Seguimos dando o antibiótico e fazendo nebulização. 10 dias depois do tratamento com o antibiótico nós o interrompemos e as crises de tosse do Bruninho diminuíram drasticamente. O bom é que ele é um menino forte, o leite materno teve toda influência nisso! Ele não teve febre e o pulmão dele sempre esteve limpo. Ele não perdeu apetite, não perdeu peso e não perdeu o bom humor. Sempre brincava e interagia com todos.
Hoje ele está 95% melhor. Não digo 100% porque coqueluche deixa um resquício de tosse por um tempo, então ele ainda tosse, mas muito pouquinho e em menos quantidade e frequência. Por conta disso as vacinas de 2 meses foram adiadas e ele só vai poder tomar todas elas quando completar 3 meses. Eu fico receosa porque ele não tem defesa nenhuma e depois de uma luta dessas eu fico agora com medo de tudo. Tenho vontade de colocá-lo numa bolha para protegê-lo de todos os males.
Eu soube que está tendo um surto de coqueluche a nível de nordeste. Não só de coqueluche, mas de meningite, de catapora... Aff!!! Mas pelo que ando vendo acho que não é só a nível de nordeste não, é a nível de Brasil mesmo!
Graças a Deus e a Nossa Senhora o pesadelo passou. E como eu não posso colocar o Bruninho numa bolha, vou fazendo o que posso para preservar a saúde dele!
Para quem quiser saber mais sobre a coqueluche clique aqui. Eu acho que eu tinha que usar o blog como instrumento de divulgação e como meio para que vocês conhecessem e soubessem que ao contrário do que dizem, a doença não está extinta, ela está de volta e poucas pessoas sabem disso ou conhecem os sintomas da coqueluche. Fiquem atentas!

Beijos!

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Balanço de ano novo


São tantos acontecimentos que eu nem sei por onde começar...
2011 foi uma sequência de acontecimentos ruins que tiveram origem ainda em 2010. Mas 2011 também foi um ano incrível! Como pode ser um ano ruim e ao mesmo tempo um ano bom???
Foi um ano que eu tive que abrir mão do meu lar, da presença constante do meu esposo. Tive que ser forte na fase mais frágil da minha vida. Foi também um ano de muitas decepções com pessoas que eram muito queridas para mim. Pessoas que eu tinha uma enorme consideração e que eu descobri que não tinham consideração nenhuma por mim. E já nos 45 minutos do segundo tempo enfrentei a minha primeira batalha como mãe, cuidando do Bruninho enquanto ele estava com coqueluche. 
Mas eu digo que 2011 só valeu mesmo pena por conta da minha gravidez e pelo nascimento do meu filho! Os momentos mais lindos, que eu nunca imaginei que fosse viver, eu comecei a viver durante a minha gravidez e esses momentos mágicos sei que serão para sempre!
Eu saí no lucro sabe? Como eu aprendi! Como eu amadureci! Me tornei uma pessoa mais forte, mais decidida, menos dependente. Hoje eu sei o que é ser uma pessoa capaz de tudo por um filho. Aprendi que nem todo mundo merece minha preciosa atenção, amizade e confiança, isso eu reservo aos poucos e bons! Conheci e convivi (mesmo que virtualmente) com pessoas lindas que iluminam meu dia com palavras, conselhos e incentivo e eu devo muito a elas por ter compartilhado e por ainda compartilharem momentos tão importantes...
Posso dizer que 2012 começou muito bem e eu sinto que coisas maravilhosas estão por vir!
Ontem eu fechei mais um ciclo da minha vida! Me libertei de sentimentos ruins, de palavras que estavam engasgadas e que só me faziam mal. Hoje estou muito mais leve e preparada para a nova vida que há de vir! Consegui virar a página e sei que Papai do Céu me reserva coisas boas de hoje por diante!

A todas, feliz 2000 e doce!!!